Sentença da senhora Ana Maria Beltrão, corroborada pela senhora Lúcia Hipólito (com alguns adendos) sobre as eleições na Inglaterra. “As eleições lá na Inglaterra foram muito animadas”. E um dos adendos refere-se ao líder liberal democrata, segundo a dupla, “o problema é ele”.

O trem está bravo sô! As duas vetustas senhoras pontificam num dos canais de tevê fechada da GLOBO e têm como tarefa principal criticar o atual governo do Brasil. Penso que diante do oba oba da senhora Beltrão (filha do ex-ministro Hélio Beltrão, ou sobrinha, sei lá, mas da família) a GLOBO imaginou o contraponto Lúcia Hipólito. Caso de ficar em dúvida se pior a emenda, ou o soneto mesmo.
 
Situação semelhante à de Arnaldo Jabor. Inventaram Jabor para substituir Paulo Francis. Num sei onde puderam enxergar em Jabor um milionésimo da inteligência e da cultura de Francis. Talvez seja exatamente por aí, alguém que fale numa linguagem ao estilo Homer Simpson. Auto ajuda no horário nobre, disfarçada de indignação e um belo faturamento em palestras Brasil afora na campanha de José Collor Arruda Serra.
 
Imagino a montagem dos textos do senhor em epígrafe. Procuram as palavras exatas orientados por pesquisas do GLOBOPE (antigo IBOPE), o que o distinto telespectador quer ouvir, não importa que estejam dizendo mentiras, o contrário do que pensam ou vão fazer, importa que ao final haja a sensação de que foi cumprida a missão de ludibriar ou tentar enganar o incauto do outro lado da telinha.
 
O forte da semana foi a convocação de Dunga, a turma que vai disputar a Copa do Mundo. A indignação de alguns jornalistas pela não convocação de Neymar e de Paulo Henrique Ganso.
 
E a revolta de patrocinadores. Vi Neymar numa entrevista logo em seguida. Concordo com um amigo, vai sumir na poeira.
 
Sem querer misturar, mas já misturando, quando ouvi a entrevista de Neymar me lembrei de Gil, o Búfalo Gil. Há uma diferença entre ambos. Gil era um jogador sério, sem máscara, sem aquele negócio de fazer um gol feito num passe de Rivelino e sair gritando que sou f... Sabia que por trás daquele gol havia a genialidade de Rivelino aliada à sua força, sua precisão no chute. Neymar parece pensar que o mundo do gol é ele, duvido que jogue dez por cento do que joga sem alguém como Paulo Henrique Ganso a funcionar como garçom, expressão que hoje muitos comentaristas usam para referir-se a jogadores capazes de algo em extinção no futebol. O passe perfeito, milimétrico.
 
Como torcedor não vou discutir as razões de Dunga para não convocar Ganso. Dunga é um sujeito sério, direito, vem trabalhando seu projeto com firmeza, dedicação e tem um passado exemplar como jogador. Isso lhe dá o crédito necessário, até pelas conquistas à frente da seleção.
 
Essa disputa por esse ou aquele jogador existe desde que me entendo por gente. Em 1958 se questionou o corte de Gino, um centro-avante do São Paulo, para muitos melhor que Mazola (inclusive para mim). A crônica esportiva de São Paulo defendia Oreco como lateral esquerdo titular e Newton Santos na reserva. O paulista Vicente Feola que não era do esquema FIESP/DASLU teve o bom senso de não ouvir essa turma.
 
A própria seleção já na Copa, começou com Dino Sani no meio de campo com Didi (muitos queriam Moacir, principalmente a torcida do Flamengo), Joel na ponta direita e Mazola de centro-avante. Dino saiu para dar lugar a Zito, ambos foram extraordinários, pelo simples fato que era um globetrotter do futebol, não errava passes, jogava um futebol mágico, mas tinha as mesmas características de Didi e o ímpeto de Zito no chegar ao ataque era maior.
 
E Pelé? Era reserva de Dida. Igual Garrincha era de Joel.
 
À época se questionou a não convocação de Júlio Botelho, um ponta direita fenomenal da Fiorentina pelo fato de estar jogando no exterior. O mesmo em relação a Evaristo Macedo, ponta esquerda do Barcelona e depois do Real Madrid, como havia os defensores de Canhoteiro, ponta esquerda do São Paulo, sem dúvida alguma um jogador fora de série, mas como dizia Telê em relação a Mário Tilico, voado. E nem falei de Maurinho, ponta direita do São Paulo.
 
Em 1959 foi campeão pelo Fluminense e perguntado sobre se renovaria o contrato com o clube carioca respondeu assim –“vou não, estou velho demais para carregar um time nas costas”. Exagero evidente. Havia Castilho, um goleiro notável, melhor que Gilmar, mas que pagou reserva nas copas de 1958 e 1962.
 
Poucos goleiros brasileiros terão sido como Carlos Castilho. Houve um momento, anterior a 1958, que ele era reserva no Fluminense e titular na seleção. Veludo era titular no Fluminense e reserva na seleção.
 
Maurinho era excepcional. E a dúvida sobre se levavam ou não Zizinho, um dos maiores nomes do futebol brasileiro e mundial. Em 1957 o técnico húngaro Bela Gutman chegou ao Brasil para dirigir o São Paulo e impôs – “tragam Zizinho e serei campeão.” Zizinho só não foi pela idade, quase 40 anos.
 
Bela Gutman falava português fluentemente e Zizinho foi. Cumpriu a palavra. Outro técnico húngaro que veio dar com os costados aqui, da comissão técnica da célebre seleção de 1954, a de Puskas, quebrou a cara no América do Rio. Era Gyula Mandy que ao contrário de Bela Gutman não falava nada de português. Tinha intérprete, aí danou. Que nem quando inventaram um técnico de vôlei, sujeito sério, Abel Picabéa, como técnico de futebol no Vasco. 
 
Futebol no pensamento de dona Ana Maria Beltrão não deve ser tão animado como as eleições na Inglaterra. Mas imagine que em 1962 várias convocações foram questionadas. A de Jair Marinho, lateral direito do Fluminense e reserva de Djalma Santos, outro assombroso jogador que numa só partida, a final de 1958 contra a Suécia, entrou na seleção da Copa. O titular De Sordi não jogou a última. Djalma era o seu reserva.
 
Gérson e Tostão, jogadores fora de série, extraordinários, por pouco não ficam queimados em termos de seleção na aventura de 1966, quando achávamos que poderíamos brincar de ir a Copa e ganhar o tri. Sucesso subiu a cabeça. Montaram quatro seleções distintas, um período de treinamento complicado, ficou como aquele negócio de música para um lado e letra para o outro. Gérson foi o cérebro do time tri-campeão em 1970 e Tostão um mago naquele gol contra a Inglaterra. Inglês nunca vai entender um trem daquele, mas as eleições por lá são animadas.
 
Quem sabe eles não arrumam o Faustão para o dia das eleições. Ele vai e fica da BBC transmitindo o voto dos famosos.
 
É muita mediocridade.
 
Em 1970 um jogador fantástico, Dirceu Lopes, formava o tal quadrado mágico do Cruzeiro (Zé Carlos, Piazza, Dirceu Lopes e Tostão), sequer foi a Copa tal a inflação de craques. Zagalo teve que inventar um trem que na prática já existia desde 1958 por conta dele mesmo, aquele negócio do ponta voltar para marcar, o 4-3-3, para enfiar o incrível Rivelino no time e ainda jogou com um quarto zagueiro improvisado, Wilson Piazza.
 
Uma frase de Dunga foi perfeita em resposta a um dos jornalistas torcedores, lógico, é natural. Sobre Menotti ter cortado Maradona em 1958 na Argentina. A Argentina foi a campeã (contestada mas foi). “Perguntem aos argentinos se querem voltar lá atrás e fazer tudo de novo com Maradona, ou se preferem como está, ter ganho a copa?”
 
É claro que a seleção não é uma excelência em termos de futebol e nem se compara às anteriores, sobretudo as de 58 e 52, 70 e depois a de Telê, a primeira, a de 1982. Mas não é inferior a nenhuma das que estão classificadas para a Copa da África do Sul. Nem mesmo a da Argentina com Messi, a meu ver uma das favoritas, sempre é.
 
Ronaldinho Gaúcho? Não está jogando o que sabe, não tinha porque ser convocado. Adriano se desconvocou. Teve todas as oportunidades.
 
Ronaldinho e Paulo Henrique Ganso estão na tal lista dos sete. A lista para eventualidades.
 
Um fato interessante, dentre muitos nas histórias sobre seleções. Leão jamais teria sido titular em qualquer seleção brasileira se Wendell não tivesse encerrado a carreira de forma precoce por contusão. Um baita goleiro, era o titular em 1974 e teve que ser cortado à última hora. Em 1970 ele e Ado eram os goleiros de Saldanha, quando Zagalo entrou chamou Félix. Optou pela experiência.
 
E Zico? Um jogador fora de série, claro, mas quando a turma fala que caberia nas seleções de 58, 62 e 70, costumo perguntar onde? No lugar de Pelé? De Amarildo? De Didi? De Rivelino? De Gérson? De Tostão?  Essa é só uma questão de bom senso.
 
Quando o Fluminense foi campeão em 1964, dirigido pelo técnico Tim, citado como um dos maiores jogadores de meio campo da história do futebol brasileiro e um técnico impressionante, mudava um jogo no intervalo, um torcedor tricolor cismou de comparar com um santista jogador por jogador as duas equipes. Quando chegaram no número dez, Pelé, o santista disparou –“aí não tem duvidas não é?” E o tricolor arrematou na lógica insensata de torcedor, diga-se de passagem, bendita insensatez do contrário o futebol não seria o futebol – “sei não, o Joaquinzinho está batendo um bolão”.
 
Tomara que a Copa seja tão animada como as eleições na Inglaterra. E aposto que Faustão já está com aquele esquema de revista e um carro por dia, ou outra coisa semelhante.
 
E eu se fosse diretor da GLOBO levava dona Ana Maria Beltrão para dar palpites nos jogos assessorada por dona Lúcia Hipólito, embora essa esteja com a agenda lotada, a campanha de José Collor Arruda Serra.
 
Um espetáculo completo. Galvão Bueno não deixando ninguém falar nada, dono do microfone e as duas palpitando sobre animação. Quem sabe nas entrevistas de campo no estilo das torcedoras norte-americanas de pom pom e tudo o mais?
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