Itamar Franco acredita piamente que foi presidente da República. Em momento algum percebeu ou percebe que foi uma espécie de palitó estendido sob uma poça d'água enquanto forças neoliberais se reajustavam e tentavam encontrar um substituto para Collor de Mello. Não foi difícil. FHC se colocou à disposição para o "sacrifício" e a partir dali a coisa funcionou mais ou menos como nos preparativos para o Plano Real. Atravessou a rua sem molhar os sapatos pisando no palito de Itamar.

Os autores e mentores do plano foram ao ex-presidente, então ministro da Fazenda, levaram o esboço montado em Washington - Brizola dizia que "esse plano veio de longe - e ouviram em resposta que Itamar não seria empecilho. "Deixem Itamar comigo que eu controlo".

O salário mínimo à época de Itamar Franco e até o Plano Real era reajustado por portaria presidencial. As taxas de inflação eram elevadas, mecanismos previstos em lei garantiam esse reajuste.

Em nenhum momento, nem no governo de Itamar e nem no governo de FHC o valor do salário mínino em relação ao dólar beirou o atual. E isso vem desde os primeiros momentos do governo Lula.

Não se trata de discutir se justo ou injusto, mas de cobrar coerência.

Quando governador de Minas Itamar Franco manteve abaixo da crítica os salários dos professores estaduais, hoje uma das grandes vergonhas do estado, aliás, historicamente, uma desfaçatez de governos estaduais mineiros. O tal "choque de gestão" de Aécio Neves não mudou nem um pouco essa realidade, pelo contrário.

Por incrível que pareça foi José Sarney, coronel com patente registrada em qualquer cartório do Maranhão afirmou a jornalistas que "não temos partidos políticos". Falava sobre a necessidade da reforma política.

Reforma é um negócio que você faz sem mexer na estrutura, logo, não muda coisa alguma, apenas ajusta alguns vazamentos.

Não parece crível que uma comissão coordenada por Francisco Dorneles (ex-comunista que aderiu à ditadura militar e virou Superintendente Nacional da Receita Federal) e que tem entre seus integrantes Itamar Franco e Collor de Mello seja capaz de propor algo diferente do modelo das capitanias hereditárias.

A idéia de lista fechada para a eleição de deputados federais e estaduais e quiçá esse apendicite (desnecessário) vereadores, soa como tornar perpétuas elites políticas. É como disse, muda apenas a tabuleta do armazém, mas a estrutura permanece a mesma.

Ao invés de anunciar Rum Creosotado, aquele que salvou o ilustre passageiro ao seu lado, traz o brilho da Beba Coca Cola.

É claro que temos partidos políticos. PCB, PSOL, PCO, PCBR e PSTU são partidos políticos lato senso, trazem em si o significado de parte da sociedade organizada desde uma determinada idéia, programa, ou princípio. Às claras, à luz do dia.

PSDB e PT são partidos políticos. Defendem interesses semelhantes, se agarram ao poder da forma que podem e o que houve no Brasil no governo FHC? A mais desavergonhada mudança estrutural em se tratando de direitos básicos e fundamentais da população, a cessão da soberania nacional a interesses estrangeiros, o neoliberalismo em sua versão mais ortodoxa, de um jeito tal, que Lula para escapar das minas deixadas pelo ex-presidente se viu na contingência de inventar o "capitalismo a brasileira", perfeita definição de Ivan Pinheiro.

O que é o DEM? Uma organização de defende e pratica a escravidão (nos latifúndios comandados pela MONSANTO) e se agarra aos resquícios do Brasil imperial na tentativa de um D. Pedro III, algo como Kátia Abreu, versão contemporânea de Carlota Joaquina, no máximo.

E esse monte de partidos menores, espécie de banco de reservas do processo político vigente? Há um claro projeto político ideológico do que chamam "bancada evangélica", o fundamentalismo religioso transformado em mina de ouro para Edir Macedo e outros mais.

São partidos, só que camuflados em denominações segundo conveniências e buscando maneiras de vender ao eleitor idéias que não vão colocar em prática. Já imaginaram Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo, filiado ao PSB - Partido Socialista Brasileiro - uma espécie de legenda intermediária entre o PT e o PSDB?

O cara sai do DEM - extrema direita - e vai para um partido socialista que, entre outras figuras abriga um ex-presidente da FIESP - FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DE SÃO PAULO -, o enclave mais atrasado das elites econômicas brasileiras. Num dá.

Partidos temos, há é uma baita confusão e jogo de interesses que os transformam em balcões de grandes negócios.

Exemplo mais claro dessa mentalidade é o PMDB. Uma grande organização formada a partir de tribos e que num dado momento confluem para interesses comuns - de poder puro e simples - e agora busca se arrumar na reforma política para que, entre outras coisas, o vice-presidente Michel Temer possa vir a ser governador de São Paulo em 2014.

A reforma política esbarra nisso aí, tem seus limites nas próximas eleições.

Quem é maior Lula ou o PT?

Não há reforma que dê jeito nesse clube de amigos e inimigos cordiais entre outros motivos pela aversão das classes dominantes (que controlam a maioria do Congresso) a participação popular.

Plebiscitos, referendos, conselhos, espaços e mídia para sindicatos, comunidades (era projeto do governo João Goulart), isso mete medo nessa gente.

É um erro imaginar que esses políticos padrão Sarney são incoerentes. São não. Têm absoluta fidelidade ao modelo do coronelismo (listas fechadas por exemplo). O que fazem é transformar partidos em instrumentos desses propósitos, à medida que os verdadeiros partidos são sujeitos ocultos e muito bem ocultos nessa embrulhada toda.

Fazem é o jogo da confusão, do marketing, do parecer ser sem ser, enquanto controlam a bola e se perceberem sinais de mudanças que coloquem em risco o jaquetão nosso de cada dia, o juiz apita perigo de gol.

Só isso.

O que o Brasil precisa é sepultar de vez o que sobrou da ditadura militar e isso só será possível com uma Assembléia Nacional Constituinte. Mudar as estruturas políticas, econômicas e sociais, abrir espaço nessa democracia fajuta para o protagonista real da história, o povo.

 

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