A história de reeleição na América do Sul começou com o presidente peruano Alberto Fujimori. Eleito em 1990 quando derrotou o favorito, o escritor Mario Vargas Llosa, o japonês naturalizado peruano (falsificou documento para forjar um nascimento no Peru), Fujimori valeu-se da caótica situação financeira do país, do pretexto da luta armada, para implantar um regime de terror e barbárie onde cerca de 70 mil pessoas foram assassinadas. 

O pretexto serviu para um segundo mandato – a oposição controlada – e ao final deste conseguiu que o congresso do seu país votasse emenda autorizando uma segunda reeleição, um terceiro mandato. As eleições foram fraudadas e o presidente, debaixo de acusações de violência e corrupção fugiu para seu país de origem, o Japão.

A segunda reeleição de Fujimori, o terceiro mandato, foi condenado em quase toda a América, inclusive nos EUA exceto no Brasil, onde FHC, então presidente, de olho numa emenda semelhante, deu apoio explícito ao presidente/ditador.

A fraude que resultou na votação da emenda permitindo uma nova reeleição foi comandada pelo general Wlademiro Montesinos, braço direito de Fujimori. O general recebeu 15 milhões de dólares para comprar deputados e senadores do Peru. Montesinos foi também o principal comandante do Grupo Colina.

Grupo organizado dentro das forças armadas peruanas e que executou milhares de peruanos sob a acusação de “terrorismo e extremismo”. O grupo dispunha de toda uma estrutura de prisões, tortura, assassinatos, estupros e se envolveu em corrupção generalizada. 

Por ironia, Fujimori foi eleito para suceder a Alan Garcia, hoje novamente presidente do Peru. Garcia passou todo o período Fujimori no exílio. Não são diferentes no aspecto ideológico e nem na falta de princípios ou escrúpulos. Mera luta pelo poder.

Alberto Fujimori, amigo de FHC, foi o primeiro presidente eleito pelo voto direto a ser condenado em toda a América Latina. Corruptos notórios como Menem (Argentina), FHC, Sarney, Collor (Brasil). Uribe (Colômbia, é o narco/presidente) permanecem soltos e muitos ativos, como o colombiano.

No velho estilo e na velha linguagem dos fascistas, Alberto Fujimori disse, candidamente, após sua condenação que “isso é um paradoxo. Quem livrou o Peru da corrupção e do terrorismo está no banco dos réus”. 

O Peru vive ainda o modelo Fujimori, só que agora sob a batuta de Alan Garcia. 

Lá, como aqui e em muitos países, ainda não foram rompidas as correntes das forças de direita responsáveis pelo neoliberalismo. O Peru, como o Brasil, viveu uma ditadura cruel e sanguinária com a derrubada do presidente Belaunde Terry e a eterna perseguição a Haya de La Torre, caudilho de direita. 

O fim do regime militar trouxe de volta Belaunde Terry, mas não significou ganho algum para os peruanos. As sucessivas eleições não fizeram mais que colocar no poder figuras como Fujimori.

A disputa de poder naquele país é dentro da própria direita e das forças conservadoras, as elites que controlam e dominam o Peru. Lá, como aqui, o institucional está falido.

A condenação de Fujimori encerra um aspecto importante. A justiça argentina tentou colocar na cadeia o ex-presidente Menem, envolvido em corrupção e casos de assassinatos. Não conseguiu mantê-lo preso. Sarney, Collor e FHC no Brasil passam incólumes ao longo de todo um processo político e econômico podre, corrupto e o País ainda vive o risco da volta dos tucanos com o governador de São Paulo José Serra.

Disputa de poder ou não e no mesmo campo, um dos grandes equívocos de Lula foi exatamente o de não ter feito como os peruanos em relação a seu antecessor FHC. Bastava abrir os “arquivos das privatizações” e dificilmente o ex-presidente escaparia de condenação semelhante à de Fujimori.

Ao contrário permanece intocado e intocável. E controla boa parte do aparelho estatal. 

Fujimori ainda responde a vários outros processos e na remota, mas não impossível, chance de sair da cadeia com vida, vai ser também, ao que parece, o único ex-presidente corrupto e comprometido com as reformas neoliberais a ir para a cadeia e lá ficar o resto da vida.

E nem gera perspectivas de fatos semelhantes em outros países. Mas é um fato significativo.
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