Toma posse hoje debaixo de fortes protestos populares o presidente “eleito” de Honduras, Porfírio Lobo. É uma tentativa de legitimar o golpe do meio de ano que depôs o presidente constitucional Manuel Zelaya, asilado na embaixada do Brasil.

O golpe foi organizado em Washington, montado na base norte-americana em Tegucigalpa, capital do país e executado por militares em cumplicidade com o congresso e o judiciário.

O motivo? Zelaya incluiu uma quarta urna, como ficou conhecida a decisão de ouvir o povo hondurenho sobre se desejava ou não uma nova constituição.

Não existe legitimidade no governo que toma posse hoje, como não existiu no golpe, A idéia que o judiciário e o congresso legitimaram a decisão dos militares é equivocada e serve apenas para justificar a série de violências praticadas contra o povo hondurenho.

Pior ainda se comparada a situação naquele país com a do Brasil em 1964. À época o cargo de presidente da República foi declarado vago pelo então presidente do Senado, Auro Soares de Moura Andrade (PSD/SP) e o presidente da Câmara, Ranieri Mazili empossado no lugar de João Goulart.

A ação golpista dos militares foi “legitimada” por essa decisão. A covardia e a submissão de Auro e a de Mazili (pústula lato senso), ficou explícita num telefonema que deu a Costa e Silva que ocupara o Ministério da Guerra (hoje Secretaria Geral do Exército) para saber como andavam as coisas. Mazili dirigiu-se ao general como “meu ministro” e ouviu em resposta que “não sou ministro de ninguém, está havendo uma revolução no Brasil”. Mazili desligou, assentou-se e esperou a decisão que elegeu Castello Branco.

Nem tugiu e nem mugiu, o negócio era tirar retrato com a faixa de presidente. Se de quatro não fazia, como não fez aos políticos e integrantes da corte suprema de Honduras a menor diferença.

A “legitimidade” do governo de Porfírio Lobo é zero. A única maneira de restabelecer a democracia no país é refundar Honduras e isso passa por uma nova constituinte e que estejam presentes as forças políticas de Zelaya.

A verdadeira razão do golpe foi outra. Zelaya estava cuidando dos interesses do povo de seu país, o que significa contrariar interesses norte-americanos. Norte-americanos e israelenses se acreditam povos eleitos e superiores e com isso o resto é resto mesmo. Como resto de lixo, de comida.

Os principais veículos de comunicação do Brasil estão noticiando que o presidente da Venezuela Hugo Chávez tirou do ar o canal RCTV (já estava fora do ar em sinal aberto e operava no sistema a cabo, via satélite) em flagrante violação ao direito de “livre informação”.

Segundo jornais supostamente respeitáveis como THE GLOBE, FOLHA DE SÃO PAULO, ESTADO DE SÃO PAULO, ou noticiários das redes de tevê, Chávez teria se irritado com a decisão da RCTV de não transmitir um discurso que fez em rede nacional de rádio e tevê.

Omite, deliberadamente, que a RCTV foi um dos principais partícipes no golpe midiático, o primeiro da historia, em 2002, contra o presidente venezuelano, eleito pelo voto popular e confirmado em três oportunidades por esse mesmo voto.

O documentário “A REVOLUÇÃO NÃO SERÁ TELEVISIONADA” de dois cineastas irlandeses que estavam em Caracas para entrevistar Chávez, mostra com imagens reais a confissão explícita de apresentadores de telejornais das redes privadas de televisão (versões locais da hora da mentira, o JORNAL NACIONAL), rindo e se gabando da farsa que montaram para passar a impressão que havia um forte movimento militar e popular contra Chávez. O golpe foi na quinta, a “festa” dos Bonners de lá na sexta e o povo reconduziu Chávez ao poder no domingo.

No documentário é mostrado o cofre do palácio de governo arrombado e esvaziado pelos golpistas na fuga.

É típico dessa gente, uma versão tucana que assola toda a América Latina.

O presidente eleito do Chile, Sebastián Piñera, passou a campanha inteira dizendo que venderia as ações de suas empresas e que não seria favorecido por uma eventual eleição. Ganhou, não vendeu as ações e lucrou lucros altíssimos em manobras na bolsa de Santiago que levaram a índices os mais altos as ações de suas empresas.

O que fez? Disse que não concorda com Chávez. Foi eleito, em tese, para governar o Chile. É funcionário de interesses norte-americanos e foi colaborador do regime de Pinochet.

Há uma clara manobra de forças econômicas internacionais para desestabilizar o governo argentino de Cristina Kirchner. Há forças atuando no Paraguai tentando viabilizar um golpe contra o presidente Fernando Lugo. Chávez, Evo Morales e Rafael Corrêa governam enfrentando constantes e permanentes tentativas de golpe de estado e na América Central continuam as ações contra o governo eleito de Daniel Ortega na Nicarágua e a revolução cubana.

No Brasil essas forças agem na tentando dar fôlego à candidatura do governador de São Paulo, José Collor Serra, funcionário da Fundação Ford. Para se ter uma idéia do caráter de Serra, o governo federal inicia agora, em março, a vacinação em massa de crianças, mulheres e grupos de risco contra a gripe suína. Um bilhão de reais serão gastos em todo o processo. Serra botou um negócio na cabeça para dizer que estava apto a inspecionar as vacinas e posou como se essas vacinas tivessem sido compradas pelo seu governo.

São Paulo está sendo transformada na maior lagoa do mundo. Deve ser para esconder a corrupção tucana.

Brasileiros temos o hábito de voltar as costas à América espanhola. Pensamos de forma européia e nossas elites adoram Paris, mas caem de quatro para Wall Street, são subalternas, apátridas, sem nenhum pudor. Se abrigam no manto sonegador do esquema FIESP/DASLU, associado ao latifúndio criminoso e controlado por uma única empresa, a MONSANTO, no transgênico cancerígeno de cada dia e escorada nos banqueiros (“o que é um assalto a um banco, diante de um banco?” – frase de Lenine).

A política externa do governo Lula, malgrada a presença de figuras sinistras no Ministério (Nélson Jobim, Reinold Stephanes, para ficar em dois apenas), comandada pelo chanceler Celso Amorim, transformou o Brasil, antigo gigante adormecido aos olhos do mundo, em nação forte, viva, presente e respeitada.

Ao contrário dos oito anos de FHC, quando o ministro das Relações Exteriores tirava até os sapatos no aeroporto de New York para submeter-se à revista imposta pelas autoridades dos EUA, há uma identidade Brasil nos dias atuais.

Celso Amorim conduziu o Itamaraty dentro de uma ótica latino-americana, sem perder de vista as demais partes do mundo, afirmando o País como nação livre e soberana, mesmo que aqui, internamente, muitas esperanças se tenham frustrado.

Mas é outro Brasil. Bem diferente do “Brazil” dos tucanos.

O terremoto que devastou o Haiti e causa dor e tristeza em todo o mundo mostrou a face real dos norte-americanos. “Negócios”, apenas “negócios”. Guerras, apenas guerras.

Um império buscando submeter todo o mundo para se manter no topo, mesmo mergulhado numa crise de dimensões gigantescas.

A América Latina por estar no centro desses interesses, por ter sido sempre considerada quintal dos EUA (principalmente a América Central) é um alvo prioritário do terrorismo capitalista de Wall Street e dos mariners (um “remédio” para cada caso). Na América do Sul dois países se transformaram em colônia dos EUA. a Colômbia, governada por um narcotraficante e o Peru, por um corrupto pleno, absoluto. Piñera vai iniciar no Chile o terceiro processo de recolonização.

O Brasil é a jóia da coroa imperial de Washington. Por suas dimensões, por sua estatura, a aposta é no processo eleitoral deste ano. Jogam as fichas em José Collor Serra ou se esse desistir, em Aécio Pirlimpimpim Neves.

Controlam os meios de comunicação que confundem deliberadamente liberdade de imprensa, de comunicação, com monopólio da mentira em função de seus interesses.

A perspectiva de futuro para o Brasil e os brasileiros está exatamente na capacidade de percepção que somos latino-americanos e como tal nossas políticas devem voltar-se prioritariamente para o processo de integração dos povos e países latino-americanos. Washington, por maior ou menor parceiro que seja, por maior ou menor que seja o seu poder, é a castração desse futuro.

O Haiti é a prova definitiva disso. Não existe, por parte dos EUA, do governo – qualquer um – daquele país, o menor respeito por algo que não seja a doença capitalista que exportam com os pomposos nomes de democracia cristã e ocidental.

E essa luta, a percepção dessa realidade não passa exclusivamente por eleições. Passa por um caminho bem mais amplo e difícil. Eleições são instrumentos, mas a construção de um país livre, soberano e justo em todos os sentidos, só será possível se absorvermos a alma latina que pulsa dentro de nós, mesmo que a teimosia e a alienação imposta pelas elites através da mídia tente nos mostrar colonizados no que há de mais importante para um povo. O seu espírito de liberdade. De justiça.

Quem disse que o modelo dos EUA é democrático? Há anos atrás, bom número de anos, um filme francês, “OS POBRES DE PARIS”, vestido no romance que caracterizava a forma com que as elites tratavam a pobreza, estourou em todas as bilheterias de todos os cinemas do mundo.

Hoje, os pobres e miseráveis dos EUA são escondidos pela mídia venal e podre. New Orleans destruída, os milhares de sem teto, os desempregados, a saúde pública restrita a quem tem condições de pagar planos, enfim, uma farsa, um engodo, alguns deles revelados como no livro do sargento Jimmy Massey denunciando os verdadeiros motivos da invasão e ocupação do Iraque.

Não somos norte-americanos. Nem podemos querer ser sob pena de abrir mão de nossa soberania, independência.

Ou percebemos que somos latinos americanos ou não temos futuro. “Superiores”, como se acham norte-americanos e israelenses, é coisa de terroristas travestidos de american way life, ou reedição do III Reich, agora contra palestinos.

É só prestar atenção no Haiti. Estão guardando o petróleo e a propriedade privada. Nada além disso. Cem mil ou duzentos mil mortos, detalhe, números, não fazem a menor diferença para o “espírito humanitário” que os EUA exibem mundo afora em prisões, campos de concentração, assassinatos impunes de cidadãos nos países que invadem o ocupam.

Os EUA não são nem necessariamente inimigos. Uma sociedade doente que tenta exportar para todo o mundo o vírus do capitalismo. É letal para o ser humano, para a liberdade em sentido pleno, vestida de justiça.       
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