A DOAÇÃO EM VIDA DE CADA VIVENTE

Acompanhei o tratamento de câncer de um parente próximo meses atrás. Pessoa estimada que reuniu, ao longo da vida, inúmeros amigos. Carismático, sociável, bom coração. Esteve ele, no período, em duas instituições de Florianópolis: HU – Hospital Universitário e Cepon/centro.
 
O HU possui estrutura e dilemas comuns aos hospitais do País. As unidades do Cepon, embora recebam muitos pacientes (hoje clientes), tem estrutura e capacidade de 1º mundo.
 
Visitei diversas vezes a unidade Cepon/Itacorubi, chegando a acompanhar os pacientes para saber como eram tratados – do percurso ao destino. Autoridade sanitária e, acima de tudo, humanista, eu busquei fazer essas atividades, entremeadas as lidas e responsabilidades restritas ao município de Governador Celso Ramos.
 
O Cepon/centro visitei ao levar apoio ao meu amigo e parente.
 
HEMOSC E CEPON
 
Em 22/02/1994 foi criada a Fundação de Apoio Hemosc e Cepon – Fahece. Em 29/03/1994 foi firmado o convênio nº 104/94.
 
A idéia original do Hemosc (Centro de hematologia e hemoterapia) remonta aos anos 60. Atualmente é autônomo, financeira e administrativamente. Ao gerar seus próprios recursos, torna-se órgão diferenciado da Secretaria de Estado da Saúde.
 
O Cepon (Centro de pesquisas oncológicas) é mantido pela Fundação Fahece, e é o órgão central do sistema de prevenção e assistência na área do Câncer em Santa Catarina agindo de acordo com a legislação em vigência. O Cepon é regido, atualmente, pelo decreto Nº 2.701 10/03/98.
 
Nos últimos anos sob a batuta da Fahece, o Cepon se transformou numa instituição de ponta em Santa Catarina que prima pela qualidade e humanização. Destinado aos pacientes/clientes do SUS – Serviço único de saúde para prevenção e tratamento do câncer.
 
VISÃO PESSOAL E PROFISSIONAL
 
Doador de sangue e com a experiência de quem trabalhou na área de vigilância em saúde, posso atestar as ótimas condições das unidades que prestam serviços. Possuem excelente estrutura.
 
A manutenção dessa estrutura tem, porém, um preço. O governo de Santa Catarina objetivava delegá-la à iniciativa privada, ao invés de cumprir seu papel constitucional dentro de um Estado democrático de Direito: a garantia de uma saúde gratuita e de qualidade.
 
A reforma administrativa do governo Luiz Henrique previa suprimi-los com vistas a privatização (PLC/0001.8/2007). Houve pressão popular e parlamentar. O próprio líder do governo na casa legislativa catarinense recuou. Vitória popular assegurou o direito aos serviços prestados.
 
Não concordo com a manobra neoliberal do governo estadual.
 
Os profissionais e a direção das unidades e da fundação devem ser estatais. Não acredito que possam existir bancos privados de órgãos, tecidos e tratamento de pacientes com câncer. A vida e a dignidade dos pacientes devem ser protegidas pelo Estado.
 
O Cepon/centro se localiza atrás do Instituto Estadual de Educação (IEE). É bem menor do que a unidade Itacorubi, o que não impede sua boa aparelhagem, limpeza, asseio e organização. Tem três pisos: o térreo, com a recepção e alguns serviços; o primeiro e segundo andares, com as enfermarias e pequenos locais para reunir os profissionais e medicamentos. As enfermarias guardam pelo menos seis biombos, em que podem entrarm durante o período de visitas, dois visitantes por vez. Uma pessoa da família está autorizada a permanecer no período noturno.
 
Não foi choque para mim, uma vez que trabalhei na saúde, ver inúmeros pacientes em tratamento. O que causa comoção é saber que existem muitos jovens. Cada caso é um universo. Eu vi, conversei e até ajudei alguns pacientes de idades diversas.
 
Ao regressar para casa fui ao espelho. Ao olhar a imagem refletida permaneci em silêncio. Chorei um tempo que não posso precisar. Depois voltei a mim e, retomando os afazeres, refleti sobre cada segundo vivido.
 
Algumas religiões usam, em nome de um deus por vezes interpretado, a prerrogativa de não doar e não se deixar receber doações.
 
Lembro, porém, que:
1) doar sangue não dói;
2) deixar uma manifestação de vontade para doação dos órgãos a quem um dia precisará, não causa vexame, humilhação ou dor, em si, ou nos familiares;
3) acercar-se dos problemas sociais e lutar por mudanças é o mínimo que podemos fazer pelo próximo;
4) é um ato de paz e de conquista da alma, além da conduta cidadã, ajudar na manutenção de órgãos, associações ou fundações, ao exemplo, do Fahece/Cepon/Hemosc, Inca, Apae, entidades de preservação do meio ambiente, de combate à fome e à miséria e de incentivo à educação e liberdade de expressão.
 
Dizem que, num futuro bem próximo, muitas pessoas morrerão com câncer, vitimadas pelos alimentos e água contaminados por substâncias tóxicas; pela tecnologia que criamos para encurtar caminhos; pela vida estressada por que optamos; e pela a destruição da natureza e do seu equilíbrio.
 
Acompanhando as informações presentes, sabemos que o câncer destruirá bem mais do que qualquer outra doença, mas que sua cura já está a caminho. É preciso compreender que a cura do câncer, mais do que qualquer idéia ligada ao entendimento dos códigos genéticos e de drogas mais potentes e eficazes, está no retorno às coisas da alma e da natureza. A cura está no conhecimento interno. Em nossa redescoberta.
 
A morte é inevitável para todos. Uma passagem. Um mistério. Talvez uma continuidade. Não se sabe. Enquanto estivermos vivos, todos os esforços para se atingir a luz através do bem são devidos. Toda luta em prol de um mundo justo, igual, solidário, fraterno e livre é obrigação cidadã.
 
14 de julho de 2007, dia mundial não apenas do hospital, mas internacional da liberdade e da propaganda. Sendo assim, que nossa mensagem consciente seja uma propaganda perene e contínua em todos os lares. Que reconduzamos nossos íntimos ao bom combate. Visitar essas instituições e atuar em prol de uma causa é uma oportunidade que, para qualquer humano, está aberta. Basta praticar.
 
* William Wollinger Brenuvida é escritor e poeta, autor de O Menino e as estrelas (Univali, 2003). Bacharel em Direito e Especializando em Processo Penal. Integrante da Academia de Letras de Governador Celso Ramos (SC); membro titular da Apremag – Associação de Preservação do Meio Ambiente de Governador Celso Ramos e do CBHRT – Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Tijucas. Foi Diretor da Vigilância em Saúde do município de Governador Celso Ramos (2005/2007).

 

publicidade
publicidade
Crochelandia

Blogs dos Colunistas

-
Ana
Kaye
Rio de Janeiro
-
Andrei
Bastos
Rio de Janeiro - RJ
-
Carolina
Faria
São Paulo - SP
-
Celso
Lungaretti
São Paulo - SP
-
Cristiane
Visentin

Nova Iorque - USA
-
Daniele
Rodrigues

Macaé - RJ
-
Denise
Dalmacchio
Vila Velha - ES
-
Doroty
Dimolitsas
Sena Madureira - AC
-
Eduardo
Ritter

Porto Alegre - RS
.
Elisio
Peixoto

São Caetano do Sul - SP
.
Francisco
Castro

Barueri - SP
.
Jaqueline
Serávia

Rio das Ostras - RJ
.
Jorge
Hori
São Paulo - SP
.
Jorge
Hessen
Brasília - DF
.
José
Milbs
Macaé - RJ
.
Lourdes
Limeira

João Pessoa - PB
.
Luiz Zatar
Tabajara

Niterói - RJ
.
Marcelo
Sguassabia

Campinas - SP
.
Marta
Peres

Minas Gerais
.
Miriam
Zelikowski

São Paulo - SP
.
Monica
Braga

Macaé - RJ
roney
Roney
Moraes

Cachoeiro - ES
roney
Sandra
Almeida

Cacoal - RO
roney
Soninha
Porto

Cruz Alta - RS