Nos últimos meses a população brasileira acompanhou a  escalada da dívida da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, apontada pelo  governo como mais uma vítima da crise econômica enfrentada nacional e  regionalmente. Porém, não há dúvidas de que a conjuntura atual da instituição  não é apenas fruto do contexto econômico problemático, mas principalmente da má  administração das finanças públicas no Rio de Janeiro e da priorização  histórica de outros investimentos em detrimento da educação.
  As consequências desse sucateamento da UERJ são sentidas  quotidianamente pelos alunos, professores e funcionários da instituição e  trazem consigo um importante debate sobre a educação pública no país. Além  desses elementos em jogo, a temerosa gestão pública, que há anos vem tratando  de destruir tão importante patrimônio, também coloca em risco a vida de  diversos pacientes no Hospital Universitário Pedro Ernesto. É um verdadeiro  banquete de violação dos direitos constitucionalmente garantidos à educação,  saúde e dignidade da pessoa humana.
  Torna-se fundamental lembrar que diversas agências de  avaliação, nacionais e internacionais, colocam a UERJ entre as maiores  universidades da América Latina. São mais de 60 anos mantendo programas em  múltiplas áreas de conhecimento. Trata-se de um núcleo rico de ensino, pesquisa  e fonte respeitável de desenvolvimento científico e de políticas públicas, além  do já mencionado fundamental papel do HUPE. Não há dúvidas, portanto, de que a  instituição tem valor inestimável para toda a sociedade.
  Porém, completamente sucateada, a UERJ chega ao capítulo  mais triste de sua história. Entre outras barbaridades, está sem pagamentos dos  servidores e liberação dos recursos necessários para o funcionamento de sua  estrutura, faltando até os serviços de limpeza, coleta de lixo e vigilância. O  déficit nas contas é alarmante e 35% do orçamento previsto para 2016 não foi  repassado, segundo dados da Secretaria de Estado de Fazenda. 
  O cenário caótico e marcado pelo abandono do poder público  torna o debate da educação no país vulnerável enquanto alvo de propostas que se  desencontram fortemente da construção histórica do movimento social e  estudantil. A solução para a universidade precisa afirmar seu caráter público e  gratuito, no caminho para garantir uma educação de qualidade para todos e todas  e que rejeite programas de privatização. 
  
  *Advogado
  ** Acadêmica em Direito
- João Tancredo* | Maria Isabel Tancredo**
- Colaboradores do Rebate

 
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  
  




























