Os sindicalistas da Federação Única dos Petroleiros (FUP) relataram em seu informativo "Primeira Mão" suas participações na 11ª edição do Fórum Social Mundial (FSM), realizado em Dacar, no Senegal, de 06 a 11 de fevereiro passado.
Evento que tem o significado de ser um caô, em relação à luta de classes, o FSM (junção de exploradores e explorados, opressores e oprimidos) foi realizado pela 2ª vez no continente africano - a 1ª ocorreu em 2007 no Quênia. Segundo os sindicalistas, os organizadores do FSM calcularam em mais de 60 mil participantes representativos de 125 países. Os sindicalistas se impressionaram com a marcha realizada logo no 1º dia do XI FSM, estimada em cerca de 50 mil pessoas.
Ainda de acordo com os sindicalistas, a delegação brasileira foi a segunda maior do evento - a primeira evidentemente foi a do conjunto de países africanos. Segundo os sindicalistas, ao longo da marcha de cerca de 10 km entre o centro de Dacar e o campus da universidade federal Cheikh Anta Diop, que abrigou a maioria das principais atividades, chamou atenção uma imensa bandeira do Brasil carregada por eles os petroleiros da FUP. Além de impressionados com o evento, os sindicalistas fizeram questão de registrarem as suas próprias como também algumas pérolas, um deslavado proselitismo típico de políticos profissionais burgueses, ditas em relação ao significado do FSM. Que, exatamente por isto merecem destaque.
Por exemplo, membro do Conselho Internacional do FSM o senegalês Taoufik Ben Abdallah disse "O FSM é um espaço de resistência (sic) a um sistema global que acreditamos ser opressor para todos e a África faz parte dessa resistência". Já o sociólogo brasileiro Emir Sader declarou "Grande parte da humanidade olha para África como quem olha pela janela de um hotel cinco estrelas e não como quem olha para o espelho, como deveria ser, já que toda a história mundial tem seu espelho na África". Por sua vez, os sindicalistas disseram que o Brasil foi citado em todos os debates e declarações como país exemplo em projeto político (sic) que tem avançado na luta (sic) para reduzir as desigualdades sociais.
Os sindicalistas da FUP fizeram questão de informar que participaram da conferência sob o tema "Mapa estratégico das lutas pela vida e pela emancipação" na qual o coordenador da entidade João Antônio de Moraes fez parte da mesa de debates. Nela, ele disse que as comunidades são parceiras dos trabalhadores do setor de energia, sendo as maiores vítimas dos males que tal ramo industrial causa ao planeta. Sobre o acidente no Golfo do México, causado pela petroleira BP, ele disse que foi conseqüência da quase total terceirização das atividades da empresa, o que afetou os direitos dos petroleiros e impactou diretamente nas condições de trabalho e segurança. Para ele, as reivindicações dos sindicatos devem ser atendidas.
Ainda segundo Moraes, caso isso tivesse existido na BP, as condições de trabalho seriam outras e, provavelmente não teria ocorrido o maior acidente ambiental da indústria de petróleo, causador da morte de 11 trabalhadores; concluiu. Junto com membros do Projeto Mova Brasil (‘parceria' FUP, Petrobrás e Instituto Paulo Freire) para alfabetização de jovens e adultos, os sindicalistas visitaram uma vila da periferia de Dacar onde conheceram o belo trabalho similar ali realizado por um casal de educadores brasileiros. Os sindicalistas da FUP e os membros do Mova Brasil demonstraram terem ficados impressionados, parecendo alienados ante as opressões sofridas pelos povos trabalhadores do continente africano.
*Almir da Silva Lima é jornalista.